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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Russia pretende receber compensação por apoiarEUA contra Irã



Pelo o que parece, a Rússia está dando a entender que pode apoiar sanções mais duras contra o Irã. Excelente. Mas os russos não estariam exibindo uma suspeita reflexiva ao perguntar qual é o acordo, qual a vantagem e que compensação os Estados Unidos e/ou os seus amigos estariam dispostos conceder em troca? É possível depreender que a Rússia, que jamais gostou da ideia de ter uma possível potência nuclear islâmica no seu flanco sul, tenha esperado o momento certo no qual a sua posição de maior fornecedor de armas e de recursos para o programa nuclear civil do Irã poderia ser utilizada para a obtenção da maior vantagem possível.
Na semana passada, Nikolai Patrushev, o secretário, geralmente de linha muito dura, da Rússia no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), indicou que os seus patrões acreditam que esta fase propícia tem início agora.
Ele apresentou uma aceitação do óbvio – algo que durante anos foi escondido por Moscou –, afirmando, de fato, que os mulás iranianos querem fazer a bomba. E ele acrescentou a essa revelação um sub-texto não inteiramente articulado segundo o qual talvez, e talvez apenas, a Rússia possa encontrar uma maneira de desacelerar o projeto iraniano.
O que se vê não é uma Rússia manifestando de cooperação, e tampouco convertendo-se em simpatizante do Ocidente.
Tal conversão não está ocorrendo. A publicação em Moscou, na semana anterior, de uma nova doutrina militar para a década, na qual a possibilidade de expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para países do leste é tida como uma ameaça existencial à Rússia, certificou o contrário.
Mas embora documentos iniciais que mencionam possíveis sanções contra o Irã circulem pelo Conselho de Segurança da ONU – os franceses estariam recomendando ações no sentido de suspender as importações iranianas de gasolina, algo que os norte-americanos estão evitando –, os russos parecem acreditar que este é o momento em que o governo Obama encontra-se vulnerável à pressão máxima. E também um momento em que a prestação de auxílio em relação ao problema representado pelo Irã e a redução da perspectiva de surgimento de uma teocracia fundamentalista dotada de armas nucleares são ações que podem fazer com que a Rússia seja recompensada.
Segundo este raciocínio, o presidente Barack Obama estaria vulnerável por dois motivos: 1) Devido à sua tentativa até agora ineficaz de enfrentar o Irã. 2) Como resultado de conversações ainda inconclusivas sobre armas estratégicas nucleares com a Rússia, algo que o presidente deseja bastante como um símbolo de triunfo, mas cujo fracasso ou dificuldades em um debate sobre ratificação no Senado poderia ameaçar o seu apoio doméstico e o seu prestígio internacional.
Não há dúvidas de que os russos beneficiam-se desses problemas enfrentados pelo governo Obama.
Francamente, que bom estrategista não buscaria obter uma perspectiva de potenciais recompensas quando “um parceiro e amigo” como os Estados Unidos estivesse tentando ao mesmo tempo aparentar dureza em relação ao Afeganistão, ao terrorismo e à China e defender a proposta de um mundo sem armas nucleares? Ou diante de um líder que aparentasse exibir pouca clareza – no que se refere ao senso de urgência dos seus aliados – em relação a qual deveria ser o novo nível de pressão sobre o Irã e com que rapidez tal pressão deveria ser aplicada.
Eu conversei com um especialista em segurança internacional e armas nucleares que passou grande parte de uma semana recente conversando com congêneres russos. Ele disse que não houve nenhuma conversação que tivesse começado sem que os russos dissessem algo como, “O importante nos dias de hoje é que a Otan deixe claro que não está acrescentando novos membros” na vizinhança da Rússia.
Será que é isso que Rússia deseja como recompensa para tomar medidas em relação ao Irã? Ou tal recompensa poderia ser um novo acordo no âmbito do Tratado de Limitação de Armas Estratégicas cujos termos vinculassem explicitamente as armas nucleares estratégicas e as defesas contra elas, algo que a Rússia parece querer vincular aos planos para a instalação de um escudo antimísseis norte-americano na Europa contra armas nucleares iranianas, com a resistência dos Estados Unidos?
A secretária de Estado Hillary Rodham Clinton reiterou neste mês que a Otan precisa manter-se aberta à entrada de todos os candidatos qualificados. Quanto às cláusulas em letra miúda do sucessor do tratado Start, a “Associated Press”, questionando em um artigo de Moscou se a linguagem dos norte-americanos estaria mais suave para com a Rússia, afirmou que isto poderia agradar aos russos, mas observou: “Qualquer restrição a defesas anti-mísseis fariam com que fosse difícil para a Casa Branca obter o apoio do Senado dos Estados Unidos ao tratado”.
Então, existe um preço razoável a ser pago pelo auxílio russo?
Os especialistas com quem eu falei não mencionaram isso, mas disseram acreditar que a assistência russa estender-se-ia ao apoio a sanções à exportação de produtos refinados de petróleo para o Irã. Como o Irã depende de importações para obter 40% da gasolina para os seus carros e caminhões, este é sem dúvida o meio mais direto e efetivo de convencer o regime de Teerã de que este precisa negociar um fim do seu desejo de obter armas nucleares.
Mas uma parte igualmente importante da questão é determinar o quanto a Rússia espera receber em troca do apoio às sanções – algo que certamente não inclui as suas armas.

Um comentário:

  1. Soberania e economia, Russa/yanqui: interesses que poderão comprometer a integridade populacional do Irã !




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